“De volta às margens do rio Vístula, começamos por explorar a parte relativa à cidade velha, Stare Miasto, na qual se situa o centro histórico com as suas igrejas góticas e a Praça do Mercado (Rynek Glówny), coração pulsante de Cracóvia e maior praça medieval da Europa.”
Ao longo dos tempos assumiu-se como um espaço de comércio, mas também centro de diversos acontecimentos, desde celebrações a execuções públicas, tendo inclusive sido renomeada com o nome de Adolf Hitler, durante a ocupação nazi.
Várias vezes voltamos a este local, ora de dia ora de noite, gabando a sua incrível capacidade de metamorfose em diferentes velocidades e tonalidades. Por ali é possível apreciar o Museu Subterrâneo da Praça do Mercado; o salão renascentista das guildas comerciais, o Sukiennice – onde outrora se vendiam especiarias, couro, âmbar do mar Báltico e sal da mina de Wieliczka; a Torre da Antiga Câmara; a Igreja de São Adalberto; e a Basílica de Santa Maria. Nesta última, é impossível não notar no toque de trompa, de hora a hora, vindo da torre mais alta, onde a melodia “Hejnał Mariacki” é cortada abruptamente, em memória de um homem cuja garganta foi atravessada por uma flecha tártara ao tentar avisar a cidade sobre a iminente invasão mongol, no século XIII.
Também ali vale a pena conhecer o Barbican – uma torre defensiva que estrategicamente protegia uma das portas da cidade, a de São Floriano, e por esse meio, os acessos à igreja gótica de Corpus Christi, o templo barroco de Pedro e Paulo, a igreja de Santo Estanislau e o anel Planty, uma zona composta por cerca de 30 jardins, que circunda o bairro histórico da Cidade Velha.
“Outro local imperdível é o Castelo de Wawel, um dos complexos arquitetónicos mais valiosos do mundo.”
Se nesta colina, habitada desde o Paleolítico, esta majestosa edificação se tornou na primeira residência dos reis da Polónia, com a mudança da capital para Varsóvia, o castelo acabou por cair em abandono, sendo saqueado pelo exército prussiano e ocupado pelos austríacos, tendo sido transformado num relevante ponto de defesa. Já com a II Guerra Mundial, o palácio tornou-se na residência do governador-geral da Polónia ocupada.
Após a reconstrução da Catedral de Wawel, no século XIV, após diversas destruições, este local assumiu ainda maior importância para os polacos, ou não contasse com uma história de mais de 1 000 anos. Desde a sua construção que se tornou o centro do poder eclesiástico e monárquico no país, constituindo o local de coroação tradicional dos monarcas polacos. A catedral está repleta de pontos marcantes, desde a Capela de Sigismundo, à Cripta, até à Torre e Sino de Sigismundo.
Se o Viajante Ilustrador já mostrava alguma vontade (para não dizer muita!) de se perder no bairro judeu de Kazimierz – onde cada esquina existem obras de arte nas paredes dos edifícios –, assim como de saborear uma Zapiekanka, uma espécie de pizza ao estilo polaco (uma baguete cortada pela metade, com todo o tipo de carnes, fiambre, cogumelos e molhos) no quiosque central da característica Plac Nowy, havia ainda uma história que eu queria descobrir melhor…
Pois se, segundo reza a lenda, Cracóvia foi construída em cima de uma caverna de um dragão que o mítico rei Krak matou, seria impensável deixar de nos meter na caverna escura e tenebrosa do monstro, conhecida em polaco por Źródełko! Com a entrada através de um antigo poço, seguida de uma descida de 21 metros, lá exploramos a antiga casa do maligno dragão que devorava os cidadãos. Recuperando a narrativa, muitos foram os que tentaram dar um fim a tal criatura, todavia sem qualquer sucesso, sucumbindo às agruras do fogo… Até que um pobre e humilde sapateiro decidiu rechear a pele de um cordeiro com enxofre e, embusteado, o dragão tanto devorou o cordeiro como sentiu tanta sede, que acabou por beber toda a água do rio Vístula até explodir, livrando os cidadãos do seu maior pesadelo. E esta é a lição de astúcia de um sapateiro que conseguiu matar o temido monstro e salvar o destino da cidade, para se tornar o primeiro rei daquele país. Em verdade, ainda hoje ali subsiste uma imponente estátua do mítico animal que cospe fogo. Quiçá uma homenagem aos feitos inéditos dos heróis improváveis das histórias reais e imaginadas?!