Ainda encantados com a magia da idílica cidade de Porvoo, partimos numa viagem de comboio de cerca de uma hora até à capital finlandesa: Helsínquia. Este ponto nevrálgico do Golfo da Finlândia, que medeia São Peterburgo (Rússia), Talín (Estónia) e Estocolmo (Suécia), sempre despertou a curiosidade do Viajante Ilustrador, não por ali se encontrarem os criadores da Nokia ou dos Angry Birds, mas pela importância e significado de “ser finlandês”, assente em políticas pioneiras em matéria de igualdade e de conservação da natureza, acompanhadas por um estilo de vida saudável, que congrega o desporto, as artes e o equilíbrio entre a vida profissional e familiar.
“Não será de surpreender assim que este seja o país mais feliz do mundo!”
Dizem que a chave desta felicidade poderá estar numa palavra tão simples como “sisu”. Apesar de não ter tradução, muitas são as tentativas para a explicar. Etimologicamente e talvez num sentido mais literal, “sisu” remete-nos para as entranhas do nosso corpo, onde se acredita que reside a força humana. Neste sentido, esta palavra de raiz finlandesa poderá significar algo como “força interior”, “coragem” ou “resiliência”, encorajando cada indivíduo a ir além das suas aparentes capacidades. Em verdade, não parece que esta ideia seja assim tão nova quanto isso, mas antes partilhada, já que os dinamarqueses parecem ter definido o seu próprio conceito de felicidade com “hygge”, e os suecos, com “lagom”.
Inspirados por esta onda de felicidade, mal chegamos à capital, partimos à descoberta de todos os seus segredos. Subimos a bordo do primeiro elétrico que encontramos na rua de Aleksanterinkatu, e sem destino começamos por apreciar a vida urbana e a luminescência noturna da cidade, até terminarmos no Kolmon3n, um restaurante de cozinha nórdica despretensioso num bairro de Kallio, e onde o bacalhau fresco foi a estrela.
No dia seguinte, com o raiar do dia na marina de Helsínquia, começamos por visitar a catedral de Uspenski e a Praça do Senado, onde um mercado artesanal e carrosséis animavam miúdos e graúdos. Aqui, a nossa escolha recaiu sobretudo num delicioso vinho quente com especiarias e numas sandes biológicas.
“Ademais, o dia passou-se numa longa caminhada que nos levou por referências arquitetónicas e culturais, desde a estação central ferroviária, passando pelo museu de arte contemporânea, pelo salão de concertos (Musiikkitalo) e pelo museu nacional, até chegarmos à Igreja de Pedra (Temppeliaukio).”
Esta igreja de beleza ímpar apresenta uma cúpula revestida a cobre e paredes interiores em pedra exposta, e é também popular em concertos pela sua acústica natural, motivos pelos quais é de visita obrigatória.
Como o dia ainda o permitia, elegemos o museu do design como espaço a visitar, não fossem os finlandeses também grandiosas referências mundiais nesta área, sendo Alvar Aalto o seu nome maior. Primando pela escolha de padrões minimalistas arrojados e produtos orgânicos, a sua aposta internacional remonta a 1875, alcançando o seu maior sucesso nos anos 50 e 60. O design marca presença na arquitetura pública e privada, no planeamento municipal e nos transportes públicos, mas também ao nível mais prático, no que respeita à moda ou aos utensílios do dia-a-dia.
Sem conseguir esquecer a abundante e diversificada arquitetura moderna que por aqui encontramos, recordamos uma breve de troca de palavras com locais à saída da Igreja de Pedra, que nos sugeriram visitar a Capela do Silêncio, inserida em plena zona comercial de Kamppi. Sem olhar a credo ou religião, este espaço procura disponibilizar a qualquer pessoa um momento de retiro e tranquilidade na área mais movimentada do país.
“Minimalista na sua conceção, renovamos também a nossa individualidade e a nossa harmonia, permitindo-nos novamente assentar os pés na terra.”