“Dezembro é um mês festivo, um mês frio, um mês de memórias”.
E na nossa primeira viagem num mês como este,decidimos procurar precisamente todas essas celebrações. Além do Viajante Ilustrador nunca ter visto auroras boreais e neve à séria, eu nunca havia flanado pelos ares mágicos do natal escandinavo, pelo que optamos por rumar ao Círculo Polar Ártico, até Rovaniemi, a capital da Lapónia.






A Lapónia é uma região que congrega territórios da Rússia, Suécia, Noruega e Finlândia, com mais de 388 000 km2,mas devido às suas condições severas (temperaturas que podem variar entre 15ºC no verão e – 50ºC no inverno), apenas dispõe de uma população de 70 000 lapões (ou sami, o seu grupo étnico nativo).
“Neste território encantado, residem personagens do nosso idílico natalício, sendo que a maioria se encontra estreitamente ligadas às tradições das nossas famílias nesta época: um cenário que mistura verde, branco, vermelho e dourado, envolvendo pinheiros, sinos,renas, trenós, grinaldas, sem esquecer o próprio Pai Natal!”
Embora o nosso foco não fosse o Pai Natal em si, era impossível resistir a toda a uma região que se desenvolveu em volta deste fenómeno. Esta figura, decalcada do histórico São Nicolau de Myra, um bispo de longas barbas brancas, popularmente conhecido como santo padroeiro das crianças, e que se popularizou por prendar em segredo os mais necessitados.Rezam as histórias que fazia-o deixando pequenos presentes nas meias que secavam ou através das chaminés das casas. Mais tarde, pela sua presença nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e países nórdicos, associou-se ao nascimento de Jesus Cristo, sendo o responsável oficial pela entrega de prendas.
Começamos, assim, por explorar a aldeia do Pai Natal, localizada mesmo à saída do aeroporto de Rovaniemi, onde encontramos o seu posto de correios e escritório, um parque de diversões e um pequeno espólio museológico, com representações natalícias de diferentes partes do mundo. No exterior, as crianças podem deslizar com trenós em rampas de neve improvisadas, dar um passeio de rena, comer umas salsichas assadas na fogueira,ou optar por um passeio pela floresta circundante. Se o Viajante Ilustrador se reteve pelo exterior, senti-me impelida a manter o hábito de escrever umas cartas festivas e deixá-las nos correios, sendo que para terminar, enfrentamos uma multidão de crianças até sermos recebidos pelos seus “elfos” e chegar o nosso momento de tirar “a verdadeira foto” com o Pai Natal.
“Com as suas vestes vermelhas, barba longa e verdadeira, ao perceber a nossa origem,cumprimenta-nos em bom português: Ho Ho Ho! Olá! Boa Tarde!”.”
Mas Rovaniemi é muito mais que Natal. Também proporciona acesso a museus de ciências, desportos de inverno, corridas de trenós com huskies, motas de neve, saunas, trilhos por bosques congelados, e uma gastronomia muito especial, onde as estrelas maiores são a carne de rena (confecionada de todas as maneiras), o salmão, a perca e o bacalhau, as bagas,os biscoitos de gengibre e o vinho quente com especiarias.
Rapidamente alcançamos a cidade, e pelas 15h30 já o sol se escondia. No Círculo Polar Ártico, estas noites polares invernosas podem chegar a 24 horas, contrastando com o sol de meia-noite no verão, onde o sol poderá estar visível de forma ininterrupta. Nesta altura, e neste local, as horas de luz duram em média 3 horas. Optamos por explorar o singelo centro urbano e as margens do rio Kemijoki, que começava a gelar, e que, enquadrada com as suas duas pontes, apresentava uma vista soberba para Ounaasvara. Se o nosso coração estava cheio, ficamos radiantes quando encontramos um refúgio reconfortante, seco e quente!




Durante os dias que se seguiram, regressou-nos sempre à mente algo que os “elfos” nos segredaram. Contavam que o Pai Natal fala todas as línguas de todos os meninos do mundo. Mesmo que não o soubesse, bastaria um simples sorriso e um caloroso abraço para que tudo o que representa o Natal chegue de forma universal, fraterna e igual, a todos os lares.
O Viajário Ilustrado deseja a todos os leitores um Feliz Natal!