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Well I might take a boat or I’ll take a plane
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Yeah, yeah, yeah, have love
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The Sonics, Have Love Will Travel
Foi ao som deste clássico que o trio de viajantes chegou a Split, a segunda maior cidade do país, depois da capital Zagreb. Se numas das anteriores cidades onde havíamos estado, mais concretamente em Pula, a influência romana era notória, também ali o imperador Diocleciano conseguiu reafirmar a imortalidade simbólica com que os homens comuns tanto sonham e ambicionam, com a edificação do seu palácio nesta costa da Dalmácia. Diocleciano, além das reformas que realizou ao nível político, económico, militar, e jurídico e económico, destacou-se na história pela mais sangrenta e implacável de todas as perseguições ao cristianismo, motivo que julgava ser a maior ameaça ao Império Romano. Ironia do destino, o facto é que a Catedral de São Dómnio foi construída sobre o mausoléu daquele imperador, tornando-se numa igreja católica aquando da retirada do sarcófago com os seus restos mortais. Este imperador foi o único, na história de Roma, a prescindir da sua posição de forma voluntária.
Split, além de frente para o porto, reúne o seu centro histórico dentro dos muros do Palácio de Diocleciano, um dos maiores e mais bem preservados do mundo romano, enquadramento que o torna Património Histórico da Humanidade pela UNESCO. O complexo do Palácio divide-se em duas partes: a zona norte, composta por dois quarteirões residenciais para os trabalhadores e soldados; e a zona sul, pertencente ao imperador. Ao centro do Palácio, encontramos o Peristilo.
O preservado Portão de Ferro revela-nos a Torre do Relógio, edificada no século XII, bem como a Igreja Nossa Senhora da Atalaia. O Portão de Prata dá acesso a um dos vários mercados de rua, o Pazar, sendo talvez por esse motivo a entrada mais usada atualmente. Em frente a este portão fica o Oratório de Santa Catarina construído na Idade Média. Por seu turno, se o Portão de Ouro antigamente era a principal entrada do palácio, no século XI acabou fechado e transformado na Igreja de São Martinho. O Portão do Latão é virado para o mar e conduz à ala mais importante do palácio. O andar superior tinha um pórtico que foi encerrado para criar aposentos. Porém, em escavações relativamente recentes, foram descobertos porões subterrâneos, que hoje são ocupados por lojas e por um espaço museológico, que também visitamos. Dali fomos conduzidos ao Peristilo, um pátio interno impressionante, que remonta à Grécia Antiga, e que dá acesso ao mausoléu de Diocleciano. Neste pátio, erguem-se ainda os tempos de Vénus e Cibele, e mais adiante, o de Júpiter, atualmente Batistério de São João. A sumptuosidade deste centro histórico era tanta, que ainda hoje os habitantes de Split consideram estar no centro do mundo.
Fora das muralhas, duas praças movimentam a cidade: a Praça do Povo e a Praça Brace Radic, sendo imperdível uma caminhada pela Riva, um passeio à beira do mar, e uma subida até ao Monte Marjan… Aqui as palavras parecem escrever-se em forma de música, ou não fosse Split aquela mulher sedutora, tão encantadora como avassaladora, que todos desejam…
I got chills, they’re multiplyin’ |
The one that I want (you are the one I want) |
Grease, You’re The One That I Want